sexta-feira, 31 de agosto de 2007

auto regicídio

o corno decidiu-se pela eutanásia, depois de verificar que não tinha pernas para andar. o facto de não ter conseguido montar o cavalo branco também não ajudou nada. a última gota de água foi já não conseguir ocultar a tendência de ilustrar tudo o que diz com imagens. impossível viver a partir daqui.
ainda assim, morre com dignidade e coerência. sim, coerência, porque prometeu muitas coisas, e foi rijo no sentido de não as fazer.
e para terminar com pompa e circunstância ilustra o que acabou de referir com esta vigorosa imagem 100% espremida da realidade. não custa nada deixar uma marca pessoal a fechar uma carta suicida. fica toda a gente mais emocionada, e a marcha fúnebre desliza melhor. um gesto de conveniência antes de morrer só cai bem.

[corno antes de rigor mortis]

o corno não morre. o corno estará sempre convosco, especialmente nos dias maus.


quinta-feira, 26 de julho de 2007

1ª grande resolução deste reinado

o corno não consegue entender.
nas traseiras da sede há uma espécie de pátio, uma espécie de quadrado de chão, uma espécie de espaço que sobra quando fazemos as ruas aos quadradinhos.
o corno não tem a certeza, mas arrisca dizer que o pátio foi sendo progressivamente anexado à casa de cada morador rasteiro, mais ou menos como se constrói (supõe o corno) nas dunas e outras paisagens protegidas interditas à construção. Guardam-se por ali as tábuas das obras de um primo, depois há a tijoleira que sobrou da cozinha, mais uns tijolos da construção embargada do lado de lá da rua... Vai-se a ver e do nada começam a surgir subpateos personalizados, com sua respectiva cor rasteira, sebe de araminho, muros em cimento e, se possível, um cão bifidus que faz cocós com uma regularidade invejável (para a maior parte dos vizinhos).
Ao fim de uns tempos, cada morador conseguiu sorver uma parte de pátio. Os mais ambiciosos tomam para as suas famílias uma área rechonchuda, e em tom de conquista alpinista eregem anexos que sonham ser provence mas ficam-se pelo zinco e ripas de madeira. Os menos capazes conquistam o seu metro quadrado e vedam-no antes que seja tarde demais, não vá a faltar a couve galega das traseiras.
A pouco e pouco ficou claro quem manda e quem não manda no pátio.
A sede do corno tem uns míseros metros quadrados aconchegados entre a fachada de um prédio que tapa o sol e o pátio multibrilhos da vizinha rasteira do lado. O corno não pode descer aos metros quadrados porque eles pertencem aos conquistadores do seu prédio.
O pátio tornou-se, por assim dizer, numa espécie de tabuleiro de xadrez dos tempos modernos, laboratório de fazer crescer água na boca a muitos sociólogos. É um complexo e admirável testemunho exemplar da evolução do indivíduo português em clã. Como ninguém vai ver o que se passa lá atrás, imperam os impulsos mais frescos e não domesticados: montar posto no espaço público, vedar o acesso aos outros, virá-lo para dentro da casa, e por fim dar-lhe um tratamento absolutamente ilegal e desprovido de bom senso.

O corno tomou, portanto, a sua primeira grande resolução. Apesar de só ter três dias de vida, dá motivos de orgulho às fervorosas mamãs e anuncia que vai :

1. alugar duas belezas destas para refrescar os ares do quintal


2. despejar 40 toneladas de terra fofinha e alisar e depois fazer montinhos

3. desdobrar umas quantas relvas artificiais


4. plantar umas árvores e flores. regar duas vezes por dia.

5. criar uma porta de acesso em cada prédio actualmente amordaçado

6. distribuir crianças e borboletas pela instalação. convidar os vizinhos a tomar uma limonada e distribuir palitos la reine

7. convidar a Caras e propor-se como reformador social caridoso dotado de um inusitado sentido estético

8. montar uma rede com várias sedes para arejar os quintais desta cidade

9. arejar os quintais deste país

10. dominar o mundo e montar um cavalo branco

quarta-feira, 25 de julho de 2007

[workstation]

[a sede do corno]
denúncia via satélite


aqui se forjam meticulosamente as próximas intervenções.
continuamos sem notícias dos reforços inês vaz.
escrevemos no plural majestático para insinuar um tom grave e oficial.
no espaço de poucas horas os nossos mantimentos intelectuais acabam.
resta-nos esperar.

terça-feira, 24 de julho de 2007

para uma activação mental sem precendentes

após muita hesitação e tratamento intensivo de vários preconceitos sobre publicação de pum's existencialistas no espaço público, rendi-me às evidências:
  1. o corno tem direito a existir
  2. existir, hoje em dia, passa por criar um blog
  3. o corno tem direito ao seu blog

venho, por meio desta vil afronta, expressa num dissimulado silogismo bucólico, reclamar a presença da mãe que baptizou o conceito-----------------------------------inês vaz.
está inaugurada a primeira cornada: publicar uma ideia efémera e revesti-la de pompa oficial.
agora é só esperar que a inês morda o isco, assuma as responsabilidades e me ajude a criar o corninho.
estou impaciente.