quinta-feira, 26 de julho de 2007

1ª grande resolução deste reinado

o corno não consegue entender.
nas traseiras da sede há uma espécie de pátio, uma espécie de quadrado de chão, uma espécie de espaço que sobra quando fazemos as ruas aos quadradinhos.
o corno não tem a certeza, mas arrisca dizer que o pátio foi sendo progressivamente anexado à casa de cada morador rasteiro, mais ou menos como se constrói (supõe o corno) nas dunas e outras paisagens protegidas interditas à construção. Guardam-se por ali as tábuas das obras de um primo, depois há a tijoleira que sobrou da cozinha, mais uns tijolos da construção embargada do lado de lá da rua... Vai-se a ver e do nada começam a surgir subpateos personalizados, com sua respectiva cor rasteira, sebe de araminho, muros em cimento e, se possível, um cão bifidus que faz cocós com uma regularidade invejável (para a maior parte dos vizinhos).
Ao fim de uns tempos, cada morador conseguiu sorver uma parte de pátio. Os mais ambiciosos tomam para as suas famílias uma área rechonchuda, e em tom de conquista alpinista eregem anexos que sonham ser provence mas ficam-se pelo zinco e ripas de madeira. Os menos capazes conquistam o seu metro quadrado e vedam-no antes que seja tarde demais, não vá a faltar a couve galega das traseiras.
A pouco e pouco ficou claro quem manda e quem não manda no pátio.
A sede do corno tem uns míseros metros quadrados aconchegados entre a fachada de um prédio que tapa o sol e o pátio multibrilhos da vizinha rasteira do lado. O corno não pode descer aos metros quadrados porque eles pertencem aos conquistadores do seu prédio.
O pátio tornou-se, por assim dizer, numa espécie de tabuleiro de xadrez dos tempos modernos, laboratório de fazer crescer água na boca a muitos sociólogos. É um complexo e admirável testemunho exemplar da evolução do indivíduo português em clã. Como ninguém vai ver o que se passa lá atrás, imperam os impulsos mais frescos e não domesticados: montar posto no espaço público, vedar o acesso aos outros, virá-lo para dentro da casa, e por fim dar-lhe um tratamento absolutamente ilegal e desprovido de bom senso.

O corno tomou, portanto, a sua primeira grande resolução. Apesar de só ter três dias de vida, dá motivos de orgulho às fervorosas mamãs e anuncia que vai :

1. alugar duas belezas destas para refrescar os ares do quintal


2. despejar 40 toneladas de terra fofinha e alisar e depois fazer montinhos

3. desdobrar umas quantas relvas artificiais


4. plantar umas árvores e flores. regar duas vezes por dia.

5. criar uma porta de acesso em cada prédio actualmente amordaçado

6. distribuir crianças e borboletas pela instalação. convidar os vizinhos a tomar uma limonada e distribuir palitos la reine

7. convidar a Caras e propor-se como reformador social caridoso dotado de um inusitado sentido estético

8. montar uma rede com várias sedes para arejar os quintais desta cidade

9. arejar os quintais deste país

10. dominar o mundo e montar um cavalo branco

5 comentários:

Anónimo disse...

E uma piscina de água benta, que é a única que não se esgota neste país. Requere-se.

Unknown disse...

o seu desejo é uma ordem,
o corno rijo um seu servidor.

Anónimo disse...

mi likes CORNO RIJO. E palitinhos la reine. acho que sim, ana só, acho que sim. I think this is the beginning of a beautifull cornada.

ines

Anónimo disse...

salvé ó corno...que não sejas apenas mais um político fajuto neste país de crentes...que sejas mesmo o corno de um unicórnio branco, mágico, perfeito, bem cheiroso e activista, que veio salvar o mundo, e que tras a esperança nos seus cabelos ao vento...may it be!

Lagosta disse...

Hummm!!!!!! E pelo que sei a ASAE mora perto, se isso chegar aos seus ouvidos… Começava logo pelo Elevador. O elevador mais peculiar que este ser aqui já viu, a porta!!!!! É necessário ter a unha do indicador um pouco mais avantajada do que o normal, para poder enfiar no metal que agarra o puxador que está virado para o lado de fora… E não esquecer também, que para ter acesso a este edifício é necessário um número avultado de burocracias só ai, após alguns momentos de espera e suplicando para que não hajam carros estacionados pelo caminho, é só aguardar que a chave caía algures do céu enrolada numa qualquer meia de cores variadas.